Condições de pagamento facilitam as vendas de imóveis por consórcio (Foto: Divulgação/Consórcio Saga)
Juros mais baixos e pagamento facilitado alavancam esse tipo de negociação.
No entanto, economista pondera sobre riscos na contratação de consórcios.
Goiás>> Portal G1
Goiás registrou um aumento de 8% das vendas de imóveis feitas por meio de consórcios no 1º semestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2015, segundo a Associação Brasileira de Administradores de Consórcio (Abac).
No primeiro semestre de 2016, a Abac registrou 18,6% de participação dos consórcios nas vendas totais de imóveis no estado. Enquanto, no mesmo período do ano passado, o registro foi de 10,6%.
Conforme a Abac, isso significa que, dos 8.500 imóveis vendidos em 2015, 901 foram por meio de consórcio. Já neste ano, o número de vendas gerais caiu para 5.117 imóveis, mas subiu para 959 o número de vendas por consórcio.
Segundo empresas de consórcios ouvidas pelo G1, o momento político e as condições facilitadas desse tipo de investimento, aliadas a juros mais baixos, estão entre os motivos do avanço.
Gerente geral da área comercial do Consórcio Saga, Mário Roquette afirma que a empresa demonstrou um crescimento de 2% nas vendas de consórcio em setembro deste ano, em um comparativo com o mesmo mês do ano passado. Ele explica que isso se dá pela combinação da necessidade das pessoas de possuir um imóvel, somada às boas ofertas que o consórcio proporciona.
“O que a gente acompanha no segmento de imóveis é que há uma demanda reprimida no segmento tanto de novos quanto de usados e, como no sistema de consórcio temos as taxas e elas são muito mais acessíveis do que os juros de financiamento, com essa demanda, os clientes continuam a necessidade, independente da crise”, justifica.
Roquette acredita que o momento político vivenciado pelo país também ajudou a crescer o quadro das vendas no segmento. “Naturalmente, as pessoas vão retomando a confiança no país e voltam a fazer investimentos. A nossa percepção é nesse sentido. Com maior estabilidade nessa questão política, o cliente que precisa, vai atrás dos melhores meios para adquirir seu bem”, relata.
Além disso, de acordo com o gerente comercial, a expectativa é que as vendas continuem crescendo significativamente nos próximos meses. “Todo o cenário macroeconômico e político que a gente nota e acompanha, nos oferece, no mínimo, uma estabilidade e, isso, para o consumidor, é muito necessário. Estabilidade no plano político e econômico traz uma retomada nos negócios”, afirma.
Para ajudar a dar continuidade ao quadro, Roquette conta que a empresa também utiliza estratégias de venda para atrair compradores. Ele diz que promove uma combinação entre as alternativas de impulsionar a marca nas mídias sociais com o trabalho de porta em porta.
“Hoje, com essas várias alternativas de canais de comunicação com o cliente, são várias frentes que a gente usa, mas nada substitui, para nós, a presença do vendedor. Nós fazemos a combinação da presença dos vendedores nos pontos de venda, onde tem maior circulação colocamos plantonistas, fazemos ação em shoppings, supermercados, onde tem pessoas com potencial de consumo”, pontua.
Gerente comercial e de produtos da Porto Seguro Consórcio, Rafael Boldo afirma que a empresa também registrou aumento nas vendas nos últimos períodos. Entre janeiro e outubro deste ano, o crescimento nas vendas de imóvel foi de 54%, em comparação com o primeiro período de 2015.
Para ele, vários fatores contribuíram para este avanço, tais como o investimento nas mídias e o apoio dos corretores de seguro nas vendas. Além disso, Boldo salienta que o momento favorável na economia também contribuiu para o aumento.
“Em função de vários fatores, como a restrição do crédito no momento da contratação do consórcio, a população procura o crédito facilitado. Vai no banco, analisa e vai em busca de alternativas. Por isso, entramos com atuação mais forte tanto em mídia, quanto em vendas consórcio e também fechamos fortemente atuação dos nossos parceiros corretores de seguro, que passaram a vender muito mais consórcio”, reflete.
Riscos
O economista Aurélio Troncoso, mestre em desenvolvimento regional e coordenador do Centro de Pesquisas das Faculdades Alfa, pondera que existem riscos na contratação deste tipo de investimento e sugere que o consumidor avalie a idoneidade da empresa antes de adquirir os serviços ou produtos.
“A pessoa tem que saber com qual empresa está contratando, se ela é conceituada, se é séria, porque muitas vezes acontece de uma imobiliária te propor uma coisa e quando você vai ver é outra. Tem que olhar se a empresa é idônea, se é registrada, validada pelo Banco Central”, aconselha o economista.
Conforme Troncoso, também é importante verificar quanto tempo a empresa tem de mercado e buscar referências com pessoas que já foram contempladas. Além disso, uma opção para se proteger é olhar a situação da empresa em sites de reclamação.
O economista salienta que, no caso do enfrentamento de problemas financeiros e crises pela empresa contratada, há o risco do cliente sofrer prejuízos, pois segundo explica, nestes casos, os consórcios não dão garantia de recebimento.
“No caso do consórcio, não tem garantia de recebimento. Por outro lado, em financiamentos, os bancos conseguem garantir o recebimento. Tem a proteção, tem essa garantia. Muitas vezes fica mais caro com banco, mas tem o seguro sobre aquilo que você está fazendo”, explica.
Apesar dos riscos e da falta de segurança, na opinião do economista, as taxas de juros mais baixas ainda tornam mais vantajoso comprar por consórcio do que por financiamento.
“Quando você vai fazer um financiamento, os valores das taxas de juros são mais altas, mais caras, não compensa. O consórcio, como não visa o lucro, só faz a correção monetária da moeda, e o reajuste vem em forma de juros, mas são bem menores. Mas vale lembrar que o risco do é maior, a carta de crédito comprada as vezes não é a mesma no final do consórcio”, adverte.
Experiência
O farmacêutico Marcos Alexandre Lima e Silva, de 33 anos, adquiriu um consórcio de imóvel há um mês. Ele conta que já participou deste sistema de compra outras vezes e que gosta deste tipo de negócio, pela facilidade na hora da compra.
“As taxas são mais baratas, mais acessíveis e, como eu já tenho o dinheiro do lance, para mim compensa, vai ser mais imediato. Eu sempre olho as taxas, os juros e se eu vou ter condições de pagar até o final. Avalio o quanto essa carta vai crescer e quando vou conseguir quitar ela”, conclui o farmacêutico.