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Um jogo de tabuleiro que envolve paixão por futebol. Conheça o Boratimê
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Publicado em 22/09/2016

Foto: Reprodução

Levando as reações de uma torcida para dentro do tabuleiro, três amigos criam um jogo sobre futebol e fazem do torcedor o maior jogador de sua equipe

 

Por Augusto Fernandes

Você chega em casa numa quarta-feira à noite, liga a televisão, e lá está um jogo do seu time do coração. Em pouco tempo, a partida começa a ficar complicada, e a sua preocupação passa a aumentar. É unha sendo roída, uma enxurrada de palavrões sendo lançados, o coração acelerando a cada lance de perigo, birra com algum jogador, entre outras coisas. Chega a ser inevitável a frase “até eu sou melhor que esse cara”. No fundo, cada torcedor, se pudesse, gostaria de decidir o jogo para o seu time.

Sabendo disso, um grupo de amigos decidiu arriscar em um jogo de tabuleiro sobre futebol. Nele, as emoções da torcida comandariam o desempenho da equipe dentro de campo. O intuito era fazer com que o craque principal de um time não fosse um jogador, mas sim, o torcedor. Dessa forma, surgiu o Boratimê.

“Dizem que a torcida é o decimo segundo jogador. Ela empurra a própria equipe e atrapalha o adversário. Sendo assim, no Boratimê cada jogador representará essa entidade, a torcida”, explica Afonso Souza, um dos idealizadores do jogo de tabuleiro.

O Boratimê nasceu da paixão de Afonso e outros dois amigos de Curitiba por jogos de tabuleiros. Segundo Afonso, a escolha de um passatempo sobre futebol foi devido à falta de jogos nesse estilo sobre o esporte. De início, foi difícil a aceitação do público, mas, gradativamente, o Boratimê conquistou o interesse de quem joga.

“Eu sinto um pouco de receio de algumas pessoas. Dentro do público de jogos de tabuleiro, acredito que o futebol afasta um pouco, pois quando falamos que é um jogo sobre futebol, muitos pensam em esquemas táticos e números. Mas, quando as pessoas ficam sabendo que é sobre torcidas de futebol, a coisa muda. Muitos se afastam, mas quem se interessa, se interessa bastante”, diz Afonso.

E para cativar o público que ama futebol, os idealizadores do jogo quiseram ilustrar situações que muitas pessoas já viveram. “Nas cartas, existem referências a vídeos do YouTube, a jogos de futebol de antigamente. Eu tive medo de as pessoas não comprarem essa ideia, mas me surpreendi bastante ao vê-las jogando e dando risada”, conta Afonso.

Tudo foi pensado a partir das reações mais comuns de uma torcida. O nome do jogo é o primeiro dos exemplos. “Queríamos algo que remetesse à temática do jogo de uma forma rápida. Assim, acreditamos que ‘bora time’ é uma forma bem tradicional de se apoiar sua equipe”, relata Afonso.

No jogo, assim como em uma partida de futebol, dois times se enfrentam. Cada participante fica em posse de dois dados e sete cartas. No intervalo do jogo, eles recebem mais três cartas. São três tipos de carta: de ação, de lances futebolísticos e de torcida. Algumas delas, aliás, possibilitam a aquisição de novas cartas durante o jogo.

No tabuleiro, que representa um campo de futebol, existem sete casas alinhadas de forma vertical. A casa central é o meio do campo, e as seis restantes (três de cada lado) são enumeradas de 1 a 3. Para marcar um gol, o jogador precisa levar o seu pino até a casa de número 3 do lado adversário.

As cartas de ação, quando acionadas, permitem ao jogador ganhar um ou mais dados. Esses dados serão utilizados quando o jogador selecionar uma carta de lance futebolístico. Esse tipo de carta indica o tanto de casas que o participante terá de andar caso vença um desafio ao jogar os dados.

De acordo com Afonso, “ao jogar os dados, caso um jogador atinja 4, 5 ou 6, nós contamos como um sucesso. O jogador que tiver mais sucessos após os lançamentos, ganha o lance, e anda o total de casas informado na carta”.

As cartas de torcida são usadas somente quando um dos jogadores está perdendo por dois ou mais gols de diferença. Afonso diz que são seis tipos de cartas de torcida, representando vários sentimentos. Elas vão de uma torcida agressiva a uma torcida saudosista.

“Cada uma das cartas tem um efeito específico. Por exemplo, ao utilizar a carta saudosista, o jogador pode trocar duas cartas de ação que ele tem em mãos, por uma carta de ação que já foi utilizada. A gente teve essa ideia para dar um auxílio para aquele time que está perdendo por um placar muito elástico. O que é justamente o papel da torcida: apoiar”, aponta.

As partidas têm cerca de 20 minutos de duração, com primeiro e segundo tempos. Por tempo, cada jogador tem um número específico de jogadas a serem feitas. Após essas jogadas serem esgotadas, o jogo termina. Quem estiver em vantagem, vence.

Até o momento, o Boratimê foi apresentado em dois eventos do DF sobre jogos independentes: o Bring e o Ludoteca. Ele ainda não está à venda, mas Afonso garante que isso é uma meta a ser atingida: “estamos trabalhando nos últimos detalhes para que isso ocorra o mais rápido possível”.

 

Para Afonso, o grande diferencial do Boratimê é a semelhança com o futebol real, sobretudo na questão da emoção. Ele diz que o jogo “carrega nas mecânicas e placares a mesma emoção de torcer. Você é completamente decisivo para o jogo. É exatamente isso que se passa na cabeça da maioria de nós, torcedores”.

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